domingo, 30 de dezembro de 2007

OS PROBLEMAS DO ENSINO DA MATEMÁTICA

Parte I – Da Educação em Geral

O ensino de um modo geral vai muito mal. O Brasil consegue ser um dos piores países no ranking mundial da educação e a culpa tem caído quase sempre sobre os ombros dos professores. Os discursos medíocres dos pedagogos nas escolas, nas universidades e nas secretarias de educação (nos municípios, estados e órgãos federais) causam perplexidade e no mesmo momento demonstram a incapacidade na gestão da educação.

Ao entregar a educação fundamental, em seu primeiro cíclo, aos cuidados de educadores formados precariamente no ensino médio, comete-se um erro imperdoável. Justamente a fase escolar que exige a presença de especialistas, cuidadosamente preparados tanto no aspecto de domínio de conteúdo como também de técnicas pedagógicas, conhecimento de psicopedagogia e de fundamentos da educação básica. Nossa realidade educacional, invariavelmente, conta com as “tias” sem domínio de classe, escrevendo e falando erradamente, muitas delas odiando Matemática, imaturas, entregues às traças. Se os alicérces deixam muito a desejar, então o que esperar da segurança e estabilidade do edifício?

Costuma-se dizer que o insucesso do professor é equivalente ao insucesso do aluno, em parte é verdade. Para ser mais preciso, 25% da culpa cabe ao professor. Os outros 75% podem estar assim distribuídos: 25% da escola mal equipada priorizando interesses estatísticos e/ou financeiros, 25% aos pais dos alunos e 25% ao sistema de gestão. Por outro lado, cada item pode ter suas causas. Vejamos o caso do PROFESSOR: baixos salários (25%), despreparo (50%), e os 25% restantes, atribuímos à falta de condições e de material adequado para ensinar o que o aluno precisa. Quantificando a culpa da escola, encontramos: 25% correspondem à precariedade das salas de aulas (mobiliários, paredes pintadas inadequadamente, luminosidade deficiente, péssima ventilação, sem proteção térmica; 25% falta de equipamentos como computadores, projetores, videos, televisores, microscópios, maquinário de laboratório de ciências, etc.; 25% podem ser atribuídos à ausência de boas bibliotecas, salas de leitura, auditório, salas culturais, oficinas de artes, etc.; e os 25% restantes à gestão pedagógica da pior qualidade, com sua prática com seu modelo horroroso de “CONSELHO DE CLASSE”, cujo objetivo é “empurrar os alunos de uma série para outra” sem uma efetiva preocupação com a orientação das atividades escolares, tanto na parte que afeta o aluno como no que afeta os professores e pais de alunos – o que é discutido em conselho é tratado muito precariamente fora dele ou simplesmente deixa-se ficar como está. A cota de culpa correspondente aos pais dos alunos também é relevante considerar: 50% correspondem a fatores sócio-econômicos, tais como baixa renda, violência doméstica, desajustes familiares, brigas, etc.; 25% atribuímos à falta de limites na educação familiar; 25% devem-se à ignorância e a pouca importância dada à vida escolar do aluno. Dos 25% da gestão, destacamos: 50% , do pouco ou nenhum valor dado aos profissionais da educação, tanto no aspecto de habilitar profissionais bem preparados, como também na hora de decidir salários justos; os restantes 50% concentra-se na “mentira estatística” como meio de demonstrar eficiência junto a órgãos internacionais e à população com fins eleitoreiros. Graças a essa prática criminosa, temos os conselhos de classes que apenas servem para promover alunos (trata-se de uma aprovação automática colocada em uso, de forma disfarçada, desde 1971) e, mais recentemente, a fatídica decisão de se instituir o sistema de ciclos nas escolas do municío do Rio de Janeiro.

Um artigo publicado no CADERNO DE EDUCAÇÃO do jornal O Dia, no Rio de Janeiro, na terça-feira 2 de stembro de 1997 – “ A Cola é Crime Intelectual” nos chama a atenção para outra fraude educacional posta em prática há muito tempo. Sabemos que a cola sempre existiu, mas o problema é que hoje, ela corre livremente uma vez que poucos professores estão preocupados em dificultá-la. A desculpa quase sempre é a mesma: “Prefiro que meus alunos colem a ter que empurrá-los no Conselho de Classe depois de ter-lhe atribuído um conceito insuficiente.” Além de irresponsável, o professor está agindo criminosamente.

“Diz a máxima que “quem não cola, não sai da escola.” Para o professor de Teoria Literatura da UFRJ e ex-colador assumido, Gustavo Bernardo, quem cola, sai da escola, sim. Mas muito mais desonesto e trapaceiro. Gustavo é autor do livro “Cola, Sombra da Escola”, lançado pela universidade onde dá aula e pela Escola Parque, na Gávea.”

“Infelizmente, no Brasil, há uma cultura de se ‘dar bem’ em tudo, aquele velho jeitinho brasileiro. Na escola, não é diferente. O aluno brasileiro está acostumado a colar e nunca ser punido, porque o professor prefere fazer vista grossa. O que ele não percebe, porém, é que colar é UM CRIME INTELECTUAL, É O ROUBO DE UMA IDÉIA OU UM PENSAMENTO DE OUTRA PESSOA. Sem notar, ele fica viciado em pequenas desonestidades.”

“O hábito de colar estimula os indivíduos a cometer pequenos ou até grandes desonestidades em outras situações do dia a dia. Seja no trabalho, na convivência familiar ou no ambiente de amigos, cale tudo. O importante é levar vantagem.”

Diz um velho adágio popular: “o hábito faz um monge.”.

Mas essa cultura de desonestidade tem seus culpados. Segundo Gustavo Bernardo, a culpa cabe às próprias instituições de ensino. Inconscientemente, elas fornecem todos os elementos para que o aluno cole.“ Ao ser perguntado se os alunos tinham alguma culpa, ele respondeu: “Eles têm uma parcela pequena de culpa. Não conseguem ver que a pressão para que colem é um jogo e que são as maiores vítimas e os maiores prejudicados nessa história.”

Como resolver o problema da cola?

Existem defensores da cola, como o Prof. Vicente Martins, Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA)de Sobral, Ceará, Brasil., que provavelmente foi um colador costumaz. Ele chega a defender um conjunto de direitos imprescrítiveis do colante assumido que, obviamente não vamos reproduzir aqui. Mas para resolver o problema da cola o professor Gustavo Bernardo tem uma solução que, se não é ideal, pelo menos satisfaz em alguns pontos: “O primeiro passo é transformar a cola em CONSULTA NECESSÁRIA. Todos os exames, testes e provas deveriam ser menores, com consulta e mais inteligentes. Ou seja, capazes de desafiar os estudantes a pensar. Mesmo as provas de multipla escolha deveriam exigir justificativa extensa da resposta escolhida.

Um comentário:

Alex Ntl disse...

Concordo plenamente . E sobre a "cola na escola" , realmente é um ato de desonestidade , e que prejudica o próprio praticante . No futuro, esse "colador" sentirá a falta dos conhecimentos deveria ter adquirido e enfrentará difulcudades profissionais. E assim, procurar agir com antes, tentando levar vantagem sobre os outros de forma desonesta . Graças a Deus , que me beneficiou de inteligência e displina para estudar , sempre abominei a cola . É um vício que só prejudica o caráter.