quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

NATURALISMO PEDAGÓGICO


Não sei se existe de fato Naturalismo Pedagógico. Se não existe vai passar a existir depois de um bombardeio de críticas. O naturalismo filosófico é o que nos remete à unidade do homem com a natureza de um modo orgânico e harmônico, do ponto de vista da cultura grega e, séculos depois da Revolução Francesa; em contraposição aos dogmas escolásticos mantidos historicamente pela Igreja Católica. Trata-se de um naturalismo que se opõe à escola tradicional, falida em suas bases educacionais e como construtora de conhecimento, que toma por base os progressos alcançados pela Ciência, principalmente nos campos da Biologia e da psicologia, nos anos finais do século XX. Um naturalismo que se apresenta mais como um processo natural e histórico, respeitando-se as etapas de desenvolvimento mental, estrutural orgânico e psicológico, de cada indivíduo partícipe do processo de construção de conhecimento. A gênese do Naturalismo Pedagógico é encontrada em NATURPHILOSOPHIE nos moldes ARISTOTÉLICOS tendo desdobramento com o trabalho do crítico ROUSSEAU, no EMÍLIO em 1762, que defende a origem natural como base para a construção da EDUCAÇÃO.

Não tem sentido construir os sistemas de numeração sem que se tenha uma base concreta. O modelo abstrato se não tiver o “molde” original não significa coisa alguma. A base da construção do saber matemático precisa ser construída levando-se em conta três capacidades: ARGUMENTAÇÃO, ATENÇÃO e LIVRE VONTADE. A Matemática na visão holística não pode dispensar o naturalismo pedagógico como fonte inspiradora, crescente, inerente e extensível a todo campo da educação. Enquanto não se abortar a tendência viciosa implantada na construção do saber matemático desde longo tempo, que preconiza o saber nos moldes teológico: “acredito no que você ensina” ou ainda “tenho total confiança que aquilo que meu professor ensina é a mais pura expressão da verdade”. O conhecimento teológico tem uma única base: a fé. É mais fácil acreditar pura e simplesmente do que se dar o trabalho de construir o próprio conhecimento, observando, experimentando, concluindo ou seja, abstraindo, criando modelos para expressar e generalizar uma realidade – este é o caminho do conhecimento real, seguro, verdadeiro e permanente. Quantos fatos matemáticos nos têm sido transmitidos e que são esquecidos pouco tempo depois? Se a memória não estabelece vínculos com os fatos considerados concretamente, não encontra o referencial seguro para estabelecer as conexões indispensáveis no momento preciso, não consegue dar continuidade aos processos de associações indispensáveis ao encadeamento do pensar matemático. Combinando holismo com humanismo temos uma fórmula segura para encontrarmos soluções práticas e rápidas, temos como equacionarmos todos os problemas que envolvem as estruturas de ensino e de aprendizagem da Matemática. O conhecimento matemático é aberto, pois é possível a todo instante se construir modelos abstratos para as quase infinitas combinações que a vida concreta nos oferece.




QUEM APRENDE MELHOR MATEMÁTICA?

Não é preciso ter uma inteligência superior para aprender fundamentos de Matemática. Mas é indiscutível que as idéias matemáticas ligadas diretamente a fatos numérico devem preceder a qualquer outra: é fundamental que a ARITMÉTICA receba um tratamento todo especial e prioritário. O conhecimento matemático pode ser construído a partir de algumas atitudes básicas:

▣ A compreensão do significado da ARITMÉTICA – é necessário que se dispense à Aritmética um tratamento diferenciado em relação a outro saber qualquer que se possa construir. Cada aluno é uma “biblioteca” que reúne um considerável ACERVO de experiências, por este motivo existem diferenças marcantes na maneira de construir conhecimento, o que resulta velocidade e resultados diversos. O que nos leva a considerar três problemas:

1- como SELECIONAR, ORGANIZAR e APRESENTAR os FATOS MATEMÁTICOS de modo que todos os estudantes, com diferentes níveis de possibilidades possam descobrir SIGNIFICAÇÃO e compreender o trabalho;



2- como usar os processos de ensino de ensino-aprendizagem, que prefiro denominar de CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO, alargando as possibilidades de uso das tecnologias modernas colocadas à disposição dos PROFESSORES;




3-alterar a grade curricular de formação dos professores de modo a capacitá-los como ENGENHEIROS DE CONHECIMENTO e não tão somente como PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO voltados para o ensino – o SABER não se ensina, CONSTRÓI-SE.

As atividades voltadas para a construção do conhecimento matemático devem levar em conta sua ORDEM NATURAL, que nada mais é que a ORDEM HISTÓRICA do desenvolvimento do pensamento matemático, no ato da gestação do símbolo. Eis em linhas gerais, o que chamamos de NATURALISMO PEDAGÓGICO: das observações concretas construímos os modelos abstratos ou os símbolos representativos.

A gênese do Símbolo ocorre no momento que tentamos representar a realidade através de uma forma de comunicação oral, escrita ou uma outra forma que possa ser identificada por um dos sentidos humanos e interpretada como um código de linguagem.

De certa forma buscamos inspiração em John Locke quando ele editou o seu “Ensaio Sobre o Entendimento Humano” que veio a constituir as bases para o Empirismo inglês: considera ele as QUALIDADES PRIMÁRIAS como sendo o CONCRETO ou seja a realidade obtida pelos sentidos do corpo humano, que conduz à REALIDADE SUBJETIVA ou às QUALIDADES SECUNDÁRIAS. A somatória das IDÉIAS SIMPLES constitui as IDÉIAS COMPLEXAS através de um processo que ele denomina de ASSOCIAÇÃO DE IDÉIAS. Considero-o precursor do NATURALISMO EDAGÓGICO.

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