quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

A Educação no Brasil

“Saiu no Estadão: os professores atuais no início de carreira ganham menos que um policial também no início de carreira. É simplesmente ridículo, não desmerecendo o policial mas a covardia dos governantes, que denigrem a imagem do professor. É muito mais fácil educar agora do que repreender depois!”

Paulo Lucas Scalli, professor de biologia da Rede ANGLO de Ensino



Professores

Os professores que respeitam seu aluno têm procurado se colocar no seu lugar, vendo mundo como ele vê, situando-se no mesmo universo de suas emoções. Muitos deles gostariam de ver também os pais se colocando no lugar dos professores, também os próprios alunos e mais ainda, as autoridades constituídas. Dificilmente um técnico da área educacional consegue ser um Secretário de Educação e muito menos um Ministro – constitui fato muito raro isto acontecer.

Algumas pessoas que ainda vivem entre nós conservam em suas lembranças fatos de uma época marcante, quando o professor detinha respeito e era remunerado satisfatoriamente. Os sobreviventes da “Era Vargas” lembram que muitos deixaram de ser juízes de direito, advogados Engenheiros, para abraçar o magistério. A professora solteira era um excelente partido, disputada por jovens casadouras , fato tido como autêntico golpe do baú.

E hoje? A realidade é bem triste: a hora-aula por vezes é mais barata que uma banana nanica. O salário não dá sequer para pagar o aluguel e a professora precisa vender bijoterias, lanjeries e até salgadinhos, na própria escola que trabalha, para, pelo menos conseguir arcar com as despesas das passagens de ônibus.

Não há como sobreviver dignamente com o minguado salário de professor. O professor hoje é quase miserável. Como ensinar se o professor não tem como aprender? Se sua formação foi precária e com o que ganha não tem como compensar lendo bons livros, comprando boas revistas, fazendo novos cursos para obter uma especialização? Um mister de revolta e desânimo se apossa do pobre coitado e não duvide que, quando morrer, em sua lápide seja escrito: “Aqui jaz um pobre debilóide que somente não foi enterrado como indigente graças a ação caridosa de alguns amigos e ex-alunos.”

Vamos deixar de choradeira. Não adianta espernear, fazer beicinho, bater o pé, gritar ou xingar o presidente ou a governador ou ainda o prefeito. Resta-nos usar o que temos a mão, a pena e o papel ... que nada! Acabei de me lembrar, ainda sobraram uns trocados, os filhos casaram e o que gasto com remédios ainda é pouco, assim posso ter um computador – comprado depois de alguns anos de trabalho extra.

Um comentário:

Carlos Camacho disse...

Confesso que só fui corajoso em abraçar esse ofício por já possuir uma "fonte de renda principal".

É com tristeza que constato a veracidade desse post. O fato do professor precisar fazer jornada dupla ou tripla e apelar para a venda de salgados ou doces (e isso realmente ocorre) é o espelho de um governo que não investe em educação e que mostra claramente o desejo de continuar chamando de cidadãos os que não sabem do que se trata a cidadania.

Carlos Camacho.
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