A única forma de vida na Terra a desenvolver uma escrita e um procedimento sistemático para armazenar informações a ponto de poder transmití-la de um tempo a outro mais remoto, é a espécie humana. Embora alguns animais possuam formas rudimentares de armazenar e codificar informações.
Boa parte do que hoje chama-se matemática tem sua origem em idéias que estavam primitivamente centradas nos conceitos de número, grandeza e forma. Consideramos antiquadas algumas definições de matemática que restrigem seu significado a "uma ciência do número e noções primitivas relacionados com conceitos de números e grandeza". As noções matemáticas podem ser encontradas em formas de vida que podem datar de milhões de anos antes da própria humanidade.

A idéia de número tornou-se suficientemente ampla para que pudesse ser vivida, aumentando consideravelmente a necessidade de o homem exprimir a propriedade utilizando alguma representação simbólica, desenvolvendo modos cada vez mais sofisticados para efetuar a contagem por correspondência. O registro da contagem para consultas futuras foi uma realização inevitável dos homens das cavernas.

O mais interessante é que todas as civilizações antigas, mesmo as mais isoladas, China, India, Mesopotâmia, Egito, algumas das quais ainda na Idade da Pedra quando começaram a ser estudadas há pouco mais de cem anos, em todos os continetes e em várias outras partes do mundo apresentaram o mesmo caminho na gênese do número: a contagem digital.
Para a criança a gênese do número é tal como foi para a humanidade, com a diferença de que ela ocorre em um tempo tão restrito quanto for a amplitude das construções numéricas que a possam influenciar e acelerar o progresso. O processo histórico jamais é violado em seu contexto.
"O número é, pois, solidário de uma estrutura operatória de conjunto, na falta da qual não existe ainda conservação das totalidades numéricas, independentemente da sua disposição figural. (...) é preciso inicialmente insistir sobre o fato de que, no ser humano, os números se constróem em função de sua sucessão natural, (...)." (Piaget, 1971, p.15).
"... um número só é inteligível na medida em que permanece idêntico a si mesmo, seja qual for a disposição das unidades das quais é composto: é isso o que se chama de "invariância" do número (...) em qualquer lugar e sempre a conservação de alguma coisa é postulada pelo espírito, a título de condição necessária de qualquer inteligência matemática." (Piaget, 1971, p.24

Grupos de pedras são demasiado efêmeros para conservar informação mesmo quantitativa: esse foi o motivo que levou o homem pré-histórico a registrar um número fazendo marcas num bastão, pedaço de osso ou mesmo nas paredes internas de uma caverna.
O homem difere de outros animais principalmente pela sua linguagem, cujo desenvolvimento foi essencial para que surgisse o pensamento matemático abstrato.